Você é o que roda num furacão - esse centro, esse centro, esse centro, esse centro está no teu nariz, estende teus dedos e toca! Mas o triste de estar num furacão que roda roda roda é que você fecha os olhos na vertigem do movimento e olha para um céu vazio. O céu é vazio porque você olha para cima e só vê seus dedos apontando para o céu e dizendo "olha, lá está o céu na minha unha!". Você acha que pode ver o céu? Você acha que pode ver o chão? Você só pode ver o avesso das tuas pálpebras, e há anos os médicos decretaram um estranho problema nos teus músculos que te impede de levantar esse véu que faz com que você só veja miséria. A miséria, miséria, a miséria, teu corpo é um balde de miséria.
Você tem olhos marrons cheios de uma vida que ninguém descobriu. Você tem voz e tem voz que é só sua. Teu coração bate, e como! Você tem corpo, tem seios, tem pernas, tem dedos no pé, tem lábios, e eles chamam o chão, eles amam a terra, o doce puro da terra, não os negue! Não os negue! Não, você não merece a si mesma, teus olhos e tua voz, e teu coração, teu coração e teu coração estão rodando e não vão parar de rodar. Tuas pupilas rolam no enjoo da vertigem.
Um comentário:
Que linda, Paulo, essa frase :
" você tem olhos marrons cheios de uma vida que ninguém descobriu"
É, há TANTAS pessoas nessa situação, inclusive eu ;-/
Beijos, escreva mais !!! ;-)
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