sábado, fevereiro 21, 2009

Escrever é apreender a sintaxe do ódio.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Viver é criar novos espaços de angústia que se deslocam. Certos pontos ganham em hierarquia e agudeza na organização dos metros - aquele telefone que não toca, as sílabas agudas de um nome na tela, e o abismo sobre o qual nada se conhece. O fetiche de um nome, de um lugar, e a lembrança de certos olhos naquele bar. Mas, apesar dessa atenção contínua, é em outro lugar, outro aparelho, outra hora, é em outro ouvido que ela contacta e diz bom-dia. E o impossível potencializa-se na abertura sempre nova de outros caminhos de ardência.
Mas nem o infinito basta. Logo, outros olhos, e outra pele, e uma outra voz, quando você já se julgava no limite do corpo e do sangue vêm se alojar nas artérias acelerando o ritmo da ruptura. O coração é fiel a todas as dores que já se teve, e, industrioso, alimenta o espaço sem piedade do desejo.
Estar sozinho, e ter um coração.
Esse coração, que bate em direções várias:
estar sozinho, e decidir que o coração vaza em direções sem
[rumo.

Estar sozinho, e dispersar:
o coração foge e se rebela.
Na saúde, estar sozinho.

Estar sozinho, e criar
espaços de angústia sempre novos
estar sozinho, e desconhecer.

Estar sozinho, e desconhecer
o poço familiar do escuro nos outros.
O perigo, é a tristeza
sempre presente do espaço que nos une.

Estar sozinho, é a forma,
estranha fronteira do ser
e as linhas, que delimitam
o vácuo e o nada e o movimento.

Estar sozinho, com dois pés no chão
Estar sozinho, e ser político.
Estar sozinho, e ser poeta
Estar sozinho, e ser amigo
Estar sozinho, ser canalha e sujo e ser triste em lamaçal

E seremos sozinhos, todos juntos,
Exército de solidões sem foco,
unirmo-nos no espaço que nos separa
e sermos,
sozinhos,
a frente
que combate,
sem vencer
mas combate

domingo, fevereiro 08, 2009

angústia - o coração te bate, inútil.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Cabra-cega

Com tijolos de silêncio, construir a distância. O seu instrumento, pequena, é violão e pá de cimento, pois só você sabe esquentar enquanto congela. Brincar no escuro, mignonne, não é coisa que se faça: tropeço em móveis que sempre estiveram lá.

O corpo me serve de manual - no espaço que existe entre os pontos de uma reticência narra-se uma história de labirinto. Uma pinta me faz seguir em frente. Vou, e me perco

não deixo de tatear pelo liso de teu sorriso.