Viver é criar novos espaços de angústia que se deslocam. Certos pontos ganham em hierarquia e agudeza na organização dos metros - aquele telefone que não toca, as sílabas agudas de um nome na tela, e o abismo sobre o qual nada se conhece. O fetiche de um nome, de um lugar, e a lembrança de certos olhos naquele bar. Mas, apesar dessa atenção contínua, é em outro lugar, outro aparelho, outra hora, é em outro ouvido que ela contacta e diz bom-dia. E o impossível potencializa-se na abertura sempre nova de outros caminhos de ardência.
Mas nem o infinito basta. Logo, outros olhos, e outra pele, e uma outra voz, quando você já se julgava no limite do corpo e do sangue vêm se alojar nas artérias acelerando o ritmo da ruptura. O coração é fiel a todas as dores que já se teve, e, industrioso, alimenta o espaço sem piedade do desejo.
3 comentários:
UAU !!!!!!!!!!!!!
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