sexta-feira, novembro 27, 2009

Havana, o plano abstrato de tuas ruas queimou-se no meu peito - sou hoje surdo ao apelo de outros lugares. É possível amar uma cidade como quem ama uma mulher? Só a distância cimenta o desejo de tuas roupas na varanda, do teu solo de terra (bolas de gude) que sentiram o áspero de meus pés. Vivi no exílio de uma cidade que não era a minha - exílio e saudade de uma cidade que eu pressenti, sem saber qual era. Havana, encarnaste-te ao meu redor sem me deixar o tempo de perguntar - és real, minha cidade? Pois soube que eras minha no momento em que te afastaste e esqueceste o peso de meus dedos sobre teu asfalto.
E aquele corpo diminuto transformou-se em arauto de toda a negritude por trás dele. A sua realidade é virtual, é virtual sua presença sorridente - o negro é a vida que não aconteceu.

sábado, novembro 14, 2009

A força tende para a morte, a minha mão pinica enquanto a vejo ser roída pelos vermes. Você, e o fim. Chaque personne est bien seule. Toi, qui crois à la mort, toi aussi, tu habites cette terre sans racines. Moi, j'habiterai toujours la solitude de cette fosse commune, le froid du béton me rend doucement fou.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Só o escuro da dor é familiar nesse meu lar em exílio.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Mais um dia, desses que nenhuma dor aclara. A carcaça de um carro, seu metal retorcido no sol de uma rua sem sombras. Tenho um peito que implode.
Mais um dia, desses que nenhuma dor aclara. Sou uma engrenagem sem óleo, sou o ranger de cordas de metal, sou o martelo que tomba sobre mim.
Mais um dia, não há brilho que valha essa dor.