outro:
O olhar se concentra e se dispersa no ponto vasto e pequeno que ela ocupa. O volume reduzido dos limites que ela impõe entre o corpo e o vazio tem ares de uma contradição em exercício. Estar com a vista presa entre essas linhas ressignifica as suas dimensões: curvas, orifícios, cores e maciez se expandem até preencher todo o espaço conhecido e todo o espaço pressuposto. Mas é nesse limite, nessa fronteira ontológica do risco da pele no ar que é preciso encontrar a clara razão das coisas – no vácuo entre o ser e o não, na tragicidade das curvas de dois ombros bem claros, no rosto ligeiramente oval, na delicadeza do lóbulo da orelha, na consistência inorgânica de um fio de cabelo; é no lirismo da transparência finalista de uma unha, e nas suas pontas irregulares talhadas ao gosto de dois dentes, é, enfim, na superficialidade de um corpo profundo e intransigente que a vista perece e enterra. O olhar, em negativo, procura traços no espaço e vácuo na consistência, a presença no vazio e o vazio na presença. O que é a distância, quando ela a percorre? O espaço, quando ela o preenche? O que é o ar, quando ela o respira? Perguntar é perder: seria preciso a faculdade da separação concreta do sólido para que se entendesse o elo único que é tecido entre um ser e seu entorno. Aplicar-se nessa ciência hermética, na enigmática composição latitudinal do seu rosto. Encerrar é preciso: já se pode sentir o peso dos olhos alheios a policiar o exame que você executa.
O olhar se concentra e se dispersa no ponto vasto e pequeno que ela ocupa. O volume reduzido dos limites que ela impõe entre o corpo e o vazio tem ares de uma contradição em exercício. Estar com a vista presa entre essas linhas ressignifica as suas dimensões: curvas, orifícios, cores e maciez se expandem até preencher todo o espaço conhecido e todo o espaço pressuposto. Mas é nesse limite, nessa fronteira ontológica do risco da pele no ar que é preciso encontrar a clara razão das coisas – no vácuo entre o ser e o não, na tragicidade das curvas de dois ombros bem claros, no rosto ligeiramente oval, na delicadeza do lóbulo da orelha, na consistência inorgânica de um fio de cabelo; é no lirismo da transparência finalista de uma unha, e nas suas pontas irregulares talhadas ao gosto de dois dentes, é, enfim, na superficialidade de um corpo profundo e intransigente que a vista perece e enterra. O olhar, em negativo, procura traços no espaço e vácuo na consistência, a presença no vazio e o vazio na presença. O que é a distância, quando ela a percorre? O espaço, quando ela o preenche? O que é o ar, quando ela o respira? Perguntar é perder: seria preciso a faculdade da separação concreta do sólido para que se entendesse o elo único que é tecido entre um ser e seu entorno. Aplicar-se nessa ciência hermética, na enigmática composição latitudinal do seu rosto. Encerrar é preciso: já se pode sentir o peso dos olhos alheios a policiar o exame que você executa.
3 comentários:
Nem preciso dizer o que achei né ?
GENIAL pra variar ! ;-)
Beijos ;**********
Agora entendo melhor o que diz com " perguntar é perder "...
Nancy 3 ...kkkkk, ;-)
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