sexta-feira, agosto 28, 2009

Sem terra,

sem labor,

sem a feiura toda desse mundo,

não haveria talvez essa minha saudade.


Você,

minha linda,

água limpa de um ribeirão,

você seria mais riacho

e mais cristal,

e mais grama onde sentar-me e sonhar sonhos bons.


Durmo, e acordo num susto

você estaria lá,

e não partida para um dia de carvão.


Meu coração,

negro,

seria mais negro

ou mais claro,

ou mais forte,

talvez

é certo que seria mais.


Não houvesse essa terra, o labor,

a feiura

mas há, e você ainda é rio

e ainda corre

cristalina.

quarta-feira, agosto 26, 2009

Ele cresce com a sombra paterna que engole a vida - quando eu já estava em paz e escrevia, nasce essa carne externa que me nega e me impede de ser. Não é mestre quem se impõe e me prende - o carrasco de mim me é alheio.

terça-feira, agosto 18, 2009

Quand le soleil brille, ses rayons sont sur ma tête; d'ailleurs, je ne suis pas comme ceux qui aiment. Le temps orageux ne rend pas le désir de la mort moins amer: l'acide sur mes mains et l'amour qui menace font ses formes sur la peau. L'eau fait un empire sous son sang. Non, il pousse et le soleil qui brille est perçant. Le désir nourrit, mange et crache le néant: les riens qui nous remplissent coulent et nous laissent creux sur les murs.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Debaixo dos pés, o asfalto. Sentir o seu gosto é provar as pedras cintilantes que nele se misturam. O gosto de sal da língua que se corta no mineral - o sangue tem gosto de mineral. Prédios cobrem o céu e são mais espessos que as nuvens. Nenhuma flor nasceu na rua - o tumor de carne na calçada cresce e engole o ar.