sexta-feira, maio 29, 2009

Si les oiseaux chantent,
leurs traces dans le ciel
et le ciel sur ta tête,
ne chante pas.

Si les fleurs fleurissent,
le rose qui t'adresse
et t'invite à sourire,
ne pousse pas.

Si tout vie et tout aime
- le soleil que ta peau a ceuilli,
s'il t'embrasse,
surtout
n'aime pas.

sábado, maio 23, 2009

Veja, minha cara, a força e a beleza que o desespero tem. É com ele que o mundo se muda e se faz belo, não há inteligência sem o não. Há, claro, a esperança, o gozo, há o extase das coisas belas. Mas se sentir mal, amiga, é direito e dever. A negatividade não se combate, não se alivia, ela se sente, experimentamos toda a força do inconformismo. Tenho raiva, e muita. Essa raiva, esse rancor profundo das coisas não vai embora. Reprimida, essa criança volta com força e não resisto - só ama quem odeia. Só acredita que não há lugar para a dor quem fecha os olhos e acha que tudo vai bem.

segunda-feira, maio 18, 2009

Não sabia,
o meu pai,
(os olhos cinzas).

No círculo,
jogaste as pedras cinzas
o gude
levou
teus olhos,
meu pai,
não sejas saco de tripas.

Pai, tem uma luz
pai,
ser daltônico,
não me ensinaste a correr.

Pai, hoje,
quero fugir
como a poesia
foge,
quero morrer,
como o amor
morre,
quero doer,
como for,
dói.

Pai,
escrever
teus ouvidos
mortos.
Pai, teus olhos,
pai,
mortos,
a quem digo?
pai!
não
bem sei que não ouves...

domingo, maio 17, 2009

fragilidade é sabedoria
A vida é uma pedra que se preenche com escrituras tão marcantes quanto riscos na areia. O tempo que passa pequeno nos faz perder as mãos: vemos essa pedra que continua lisa - quase admiramos a beleza do nada. Passemos, incólumes, pela vida - a experiência é uma indelével acumulação de vazio.

sexta-feira, maio 15, 2009

Ces jours-là, on a envie de danser. Danser, ces jours-là, on a envie de danser. Ces jours, que dis-je? sont les jours où on dort, je dors. Et dormons, parce que, ces jours, ils finissent - on attend la fin puisque tu sais et tu dors. Ces jours-là, surtout, ne danse pas, puisqu'ils t'invitent, toi, à danser. Ces jours-là, tu comprends?, finissent si tu dors, donc, tu dors, la fuite te berce et te prépare à la fin.

sexta-feira, maio 01, 2009

A lâmina racha o sangue - como não morrer? O que corre em minhas veias é amor: o seu peso, sua sina. Latejar é gostar sem trégua, sem escolha no gostar: o movimento é uma sucessão de posições que ela nunca mais ocupará. Essas posições, eu as amo, e cada uma é um litro de tempo em que morre o meu corpo.
a
Coração teimoso, você não sabe o que é limite - ama-as todas, e desdenha a precaução: convida e recusa a noite, incerto que está entre o êxtase e a ferida.