terça-feira, abril 29, 2008

Catedral

É claro, a força do movimento:
Andar e o andar

Encontrei um homem no topo
De trinta metros de lógica
E antes do sustento chegar
Em uma lufada de ar embaixo
De seus pés ele disse

"Não fossem os braços
Pendulares sem razão
Na absoluta falta de
Chão, e sua conseqüente
Fissura,
Não haveria razão para trezentos
Anos de arquitetos pondo cal e morrendo,
Não sem esse percurso, que vai do alto
À pedra, ou antes,
A queda em si, excluídos,
Os pontos de partida e chegada,
O tempo de um ponto a outro,
E o corpo, e o vento,
O texto que se cala."

terça-feira, abril 08, 2008

É a assimetria disso tudo que me incomoda. Com uma certa perplexidade, me percebo percebendo-me, pequeno. Tenho que lidar com a minha completa inexistência nos olhos de outro. É uma fantasmagoria: ela só existe para mim na medida em que é grande, maior do que o mundo. De concreto, só vivemos sob essa condição. Mas ela ignora, e, na sua ignorância, atropela a única coisa que dá sentido e nos anima. Sou e só me defino por aquilo que calo.

quinta-feira, abril 03, 2008

Veja, por exemplo (repare bem, querida) o belo sorriso que me mostra, e o teu gesto de saudar; a explosão de certas forças, traços oblíquos de seus passos, passo sem fundo do mistério. Tua cabeça é uma incerteza; tua pálpebra, ela pisca, e seu trajeto de mistério.
O molar tem um compasso, que marca
o ritmo da fome, e força
o sangue do desejo, e traça
o destino que nos traça






O lento ruminar de você,
que, indigesta, ser assimilável
a dois estômagos de aço.







O transe, o ritmo da fome,
A força, o jogo que jogamos
que força, o ritmo da força
que crava, o canino no meu pulso
E injeta, o sangue que me vive.