quinta-feira, dezembro 06, 2007

Os fios tinham um odor de início. Explico-me. Ela, que tinha cabelos do tamanho do sol, que flores faziam das cores o rosto, ela andava no nada. Suas decisões tinham o cheiro de uma vírgula. Era possível o seu cheiro, em forma de pedra? Mas a curva que, longa, ganha longitudes incertas, trança já o meu destino.
Que o corroa, a ela, que era
Muito mais que figura de mulher
Ela que miúda e quente
De cabelos jogados no sol.
Mas não a ela, que é perversa
Que faz do corpo morada
Que é morrinha e se espalha
No fofo das fibras e músculos.
E quem era homem ser peça
Quem era gente ser fossa
E quem era triste ser nada.